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O começo da retomada por Administrador

Postando em 18/04/2016

O varejo amarga a maior queda nas vendas dos últimos anos. Os consumidores recuaram e as lojas permanecem vazias. As expansões de novas lojas diminuíram drasticamente e a vacância de imóveis comerciais e de lojas em shoppings aumentou. O desemprego atinge índices históricos.
 
Como alento, nos últimos dias temos visto a cotação do dólar baixar e a bolsa subir por conta do cenário desfavorável ao Governo na votação do impeachment, prevista para o próximo domingo.  O ânimo dos analistas do mercado financeiro é tão positivo que alguns deles não descartam a queda do dólar para até R$ 3,00 no caso de o impeachment ser aprovado e a bolsa brasileira vive a esperança do primeiro ano de alta desde 2012. Este movimento pode significar o início do desmonte das posições formadas pelo mercado nos dois últimos anos, especialmente após o início do segundo mandato de Dilma.
 
Naquela época, o pessimismo fez com que os investidores buscassem proteção, comprando grandes quantidades de dólar, o que elevou o valor da moeda no período. Agora, com os votos a favor do impeachment ganhando força nas sondagens publicadas por jornais e a perspectiva de surgimento de um novo governo pró-reformas, os investidores passam a devolver estas posições, vendendo dólar no mercado futuro, em quantidade proporcional ao que compraram nos anos anteriores. Se este movimento perdurar por mais um período, brevemente poderemos verificar inicialmente de forma tímida, mas com viés de alta, a volta a retomada da confiança do consumidor, algo muito importante para a uma nova fase para as vendas do varejo.
 
Este sentimento do consumidor está intimamente ligado ao estado geral da economia e de suas finanças pessoais. Quando o consumidor está satisfeito e otimista em relação ao futuro, tende a gastar mais; quando está insatisfeito, pessimista, gasta menos. A confiança do consumidor, portanto, atua como fator redutor ou indutor do crescimento econômico e sinaliza as suas decisões de gastos e poupança futuras, norteando a antecipação dos rumos da economia no curto prazo.
 
Logicamente, mesmo com a troca de Governo, não teremos uma melhora da economia tão rapidamente. As perspectivas são de que ainda este ano teremos crescimento negativo do PIB e em 2017, ainda com dificuldades, com a retomada do crescimento previsto apenas à partir de 2018. Mas existe de fato a sensação de que estamos no fundo do poço e de que pior do que está, não ficará. Um dado importante divulgado pelo IBGE recentemente, foi a alta de 1,2% registrada nas vendas do varejo em fevereiro ante janeiro deste ano, muito em função da redução no ritmo de aumento de preços no comércio varejista que foi de apenas 0,1% em fevereiro.
 
Recentemente, Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, fez uma declaração de que após o impeachment, acredita que a retomada dos investimentos na economia real seria "instantâneo". "É o que está acontecendo na Argentina. Não precisou de dez dias para a criação de um círculo virtuoso", disse o executivo.
 
A propósito, usando o exemplo da Argentina, nos quatro meses desde que o antigo prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, foi eleito presidente, o país se tornou um ímã para os investidores globais. A mudança de rumo na política argentina com a chegada do novo presidente, que tem perfil mais liberal que sua antecessora, Cristina Kirchner, vem gerando uma onda de otimismo no ambiente de negócios do país. Com uma nova postura avessa às barreiras protecionistas e mais amigável ao capital estrangeiro, o país voltou a atrair a atenção de empresas do mundo inteiro.
 
Em suma, vamos torcer para que “dias melhores venham”. Chances existem.
 
Marcos Hirai (marcos.hirai@bgeh.com.br) é sócio-diretor da GS&BGH Retail Real Estate

 

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