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Bye, bye Brazil por Administrador

Postando em 15/12/2017

Por Marcos Gouvea de Souza

É verdade, a economia está melhorando pelo crescimento do consumo e, mais recentemente, também pela recuperação dos investimentos. Algumas reformas importantes estão caminhando, o emprego melhora, ainda que puxado pelo informal, a massa salarial real já está próxima do que era há dois anos e o investimento direto externo também se expande.

A confiança do consumidor tem tendência clara de melhoria, depois do pico de baixa do primeiro trimestre deste ano, e a Black Friday sinalizou perspectivas positivas para as vendas do final do ano. Vai ser o melhor Natal dos últimos quatro anos.

A modernização trabalhista foi aprovada e agora o desafio é enquadrar parte da Justiça do Trabalho que se opõe ao que foi aprovado no Congresso e se tornou obrigatório.

A fundamental Reforma da Previdência está sendo negociada com perspectiva positiva de evolução à despeito do comportamento inconsequente e errante de alguns partidos e congressistas que brincam com coisa muito séria num momento crítico para o país.

O crescimento da economia mundial se mantém constante, favorecendo a exportação de commodities, produtos e serviços, o que tem permitido um comportamento também positivo da balança comercial.

Como se vê, o cenário de curto e médio prazo sinaliza positivamente em muitos aspectos. Porque então cresce o número de jovens talentos que preferem o “bye, bye Brazil” e vão para o exterior?

Excluídos aqueles que, momentânea e transitoriamente, vão completar estudos no exterior, ou são transferidos para operações internacionais de empresas globais, temos percebido um crescente número de jovens – e outros não tão jovens –, talentosos profissionais que preferem buscar no mercado internacional oportunidades para uma vida mais calma, segura, estruturada, ainda que profissionalmente desafiadora, em um outro país. Mais maduro ou não, mas sempre mais seguro e estável.

Muitos deles têm consciência que, profissionalmente falando, poderiam ter mais oportunidades no Brasil, mas preferem buscar uma vida mais equilibrada e segura no mercado internacional.

Trocam os crescentes desafios e as oportunidades por aqui, por mais qualidade de vida, tema particularmente relevante para os “millennials”. Mas, neste caso, não é o comportamento geracional que define a opção.

É a frustração com a evolução estrutural do país que os impele para outras paragens. É a insatisfação com o constante mais do mesmo de uma política mesquinha e provinciana que tem condenando-nos ao atraso e a perda de oportunidades de evolução estrutural.

É a percepção da falta de um projeto futuro de país que os impele para o mercado internacional, preferindo o incerto seguro do que o desafio do inseguro.

E, para piorar, são usualmente os melhores, os mais preparados, os com maior e melhor pensamento estratégico que acabam optando por esse caminho, drenando inteligência e talentos nacionais que vão passar a atuar no exterior.

Não visualizamos, no curto ou médio prazo, uma reversão dessa tendência. O quase caos político-institucional disseminado no país não dá mostras efetivas de mudanças. E as eleições de 2018 colocam ainda mais incerteza nesse quadro.

Temos avançado de forma razoavelmente estruturada na economia, mas temos tropeçado e atuado de forma inconstante em tudo que diga respeito ao político-institucional. E a esperança de uma reversão, nesse aspecto, é cada vez mais distante.

Para o que pode ou decide poder, lamentavelmente, a alternativa do “bye, bye Brazil” é cada vez mais presente e, pior, não há como contestar essa opção.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, membro do IDV – Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, entre inúmeras outras atividades

 

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