Reconquista de mercado - José Antonio Franzoni, presidente do Sindusmobil por Administrador

Postando em 29/05/2015

Por MV

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José Antonio Franzoni, presidente do Sindusmobil

Reconquista de mercado

O polo moveleiro de São Bento do Sul cresceu no ano de 2014 e voltou a ter reconhecimento no mercado. Com grandes expectativas para a 10ª edição da Móvel Brasil e a continuação de sua gestão em 2015, José Antonio Franzoni, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sindusmobil), compartilha sua opinião, seus planos e projeções para o polo moveleiro da região catarinense.

 

Móveis de Valor: Qual é a avaliação do setor moveleiro da região em 2014? E em âmbito nacional?

José Antonio Franzoni: Se analisarmos o emprego, nosso polo tem aproximadamente seis mil empregados. Houve crescimento em 2014, já que de janeiro a outubro o acréscimo neste numero foi de 118 trabalhadores, ou 2%. Além disso, embora não disponível o dado estatístico, houve crescimento na produtividade das empresas.

No Brasil a produção industrial recuou 8,3% no período de janeiro a setembro de 2014, embora as vendas no varejo tenham aumentado 2,6% na mesma base de comparação. Mas houve crescimento das importações maior do que as exportações, sendo que o déficit aumentou de US$ -108,6 milhões em 2013 (jan-set) para US$ -141,7 milhões em 2014 (jan-set). O mercado está sendo crescentemente suprido por importados.

 

MV: Quais são as projeções para 2015?

JF: Tendo por base as projeções macroeconômicas do Brasil e internacionais nos próximos 18 meses, podemos esperar da nossa região um crescimento maior das exportações do que as vendas para o mercado brasileiro, considerando possível baixo crescimento do consumo doméstico e a manutenção da desvalorização do real.

 

MV: Quais as expectativas para a Móvel Brasil 2015? Como tem sido a participação do sindicato na feira?

JF: O polo moveleiro de São Bento do Sul e região reconquistou o reconhecimento nacional, portanto as expectativas para a Móvel Brasil 2015 são positivas, no que se refere à ótima visitação, prospecção e realização de negócios, contato com clientes, exposição de produtos com bom design, alto padrão de qualidade, seguindo tendências atuais e ótimas texturas e acabamentos.

Teremos a qualidade dos 115 expositores, com um atendimento primoroso aos visitantes, que com ampliação do horário possibilitará uma maior permanência na feira. Projetamos um aumento de 20% na visitação de lojistas no geral, arquitetos, decoradores e designers em relação à edição 2013.

O Sindusmobil participa com toda a estrutura de Recursos Humanos, e espaço físico, bem como vários membros da diretoria atuam na comissão organizadora, que através de reuniões mensais acompanha pontualmente as ações administrativas desde o planejamento até a realização do evento e pós-evento, sempre com ênfase na seleção de expositores e captação de potenciais apoiadores financeiros, bem como na seleção de lojistas convidados.

 

MV: Quais os principais projetos do Sindusmobil para 2015?

JF: Temos o objetivo de dobrar o numero de associados nos próximos dois anos, de 70 para 140 associados em um universo de aproximadamente 250 empresas. Sindicato mais representativo é mais forte.

Também estamos contratando a elaboração de um boletim mensal com dados estatísticos do setor, o que é muito importante para que nossos associados monitorem o desempenho de suas empresas “vis a vis” o setor no estado, Brasil e exterior.

No entanto, o mais relevante é o Sindusmobil ser a voz do empresário moveleiro junto ao governo e a comunidade em geral. Temas importantes estão nos influenciando, muitos de forma ameaçadora, como a sanha arrecadadora do Estado brasileiro - ainda mais em épocas de “ajuste fiscal” - assim como as regras trabalhistas e ambientais, que dificultam cada vez mais a atividade empresarial.

 

MV: São Bento do Sul é conhecido como polo exportador de móveis do Brasil. O polo mantém este título?

JF: O estado de Santa Catarina é o segundo maior exportador de móveis do Brasil no ano de 2014 (jan-out) com 29,4% do total, atrás do Rio Grande do Sul com 31,2%.

 

MV: Como está o desempenho do mercado interno atualmente? Como evoluiu ao longo dos anos?

JF: Como sabido, a valorização do real na década passada provocou forte encolhimento das exportações de móveis do Brasil, e como polo preponderantemente exportador, nossa região foi significativamente afetada, com empresas fechando as portas e outras encolhendo muito seu volume de produção. As que remanesceram deste processo adotaram estratégias de vendas para o mercado brasileiro e hoje as empresas do nosso polo apresentam, com graus diferentes, uma divisão da sua produção entre exportações e mercado interno.

 

MV: Entre as ações de sua gestão, está a intensificação de pleitos para reduzir o peso do Estado sobre os setores do mobiliário e da construção civil e dobrar o número de empresas sindicalizadas. Estas ações já estão sendo realizadas?

JF: No que diz respeito ao aumento do número de associados, a estratégia é oferecer permanentemente uma gama variada de serviços às empresas moveleiras e da construção civil, com treinamentos, palestras, seminários, encontros e informações, utilizando além da nossa própria estrutura, também a estrutura corporativa à qual pertencemos como o sistema Fiesc, CNI e Abimóvel.  O empresário precisa sentir que estas estruturas possam realmente representá-lo com força perante o Estado e a sociedade.

Partimos do princípio que a carga tributária que carregamos é altíssima e precisa e deve ser reduzida. Utilizando o contato direto e aberto com nossos representantes legislativos locais, estaduais e federais, além do executivo, faremos chegar todos os nossos pleitos, com propostas concretas de redução desta carga.

 

MV: A questão socioambiental é um tema recorrente nos debates do setor. Qual é a relação do polo com as questões ambientais?

JF: Não é um privilégio do nosso polo a pressão crescente das normas ambientais e sociais, e neste caso refiro-me principalmente as trabalhistas.  Vivemos um período de aumento de restrições da atividade produtiva decorrente destas normas.

Na questão ambiental o problema maior está na estrutura insuficiente do órgão licenciador do estado, que é a Fundação do Meio Ambiente (Fatma).

Na esfera trabalhista, a aplicação das normas relativas à medicina e segurança do trabalho, as chamadas NR’S, estão impactando muito em todas as empresas do nosso setor, seja pela dificuldade técnica ou pelos custos envolvidos na sua implementação.

 

MV: O Sindusmobil é uma entidade com mais de 50 anos. Como o sindicato contribuiu com o polo moveleiro?

JF: Nossa região conta hoje com dois centros do Senai e instalações do Sesi, ambos oferecendo ensino técnico e serviços à indústria moveleira. Temos também a Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa (Fetep), que nasceu oferecendo curso de técnico moveleiro e hoje sedia uma incubadora de empresas, dentro de um centro de inovação tecnológica que conta também com a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Sociedade Educacional de Santa Catarina (Sociesc). O Sindusmobil foi protagonista da instalação de todas estas instituições no município.

A Móvel Brasil, em sua 10ª edição, contribui para o crescimento e fortalecimento do nosso polo. Não podemos esquecer também as frequentes intervenções junto ao governo, através de pleitos para favorecer a competitividade das empresas do segmento, principalmente nas questões tributárias. Neste sentido a inclusão do nosso setor na desoneração da folha de pagamentos, o Reintegra, o Pró-emprego, além de outros no passado, foram conquistas diretas e/ou com apoio do Sindusmobil.

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