Entrevista com José Lopes Aquino da Colibri Móveis por Administrador

Postando em 29/05/2015

Por Ari Bruno Lorandi, de Arapongas (PR)

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José Lopes Aquino

A Colibri se (re)inventar

Os movimentos de rua dos últimos meses deixaram claro que está emergindo no Brasil um novo consumidor, seja de marcas, produtos e serviços de empresas ou do governo. E algumas empresas estão buscando alcançar este exigente cliente que faz emergir um novo mercado. As indústrias de móveis têm agora uma grande oportunidade de se reinventar, parar de fazer mais do mesmo e deixar de produzir peças de reposição para atender apenas as necessidades e se transformar em desenvolvedora de soluções que alcancem as aspirações e satisfaçam os desejos deste novo consumidor-cidadão.

Sobre tudo isso conversamos com o diretor da Colibri Móveis, José Lopes Aquino. Leia e, com certeza, você vai concluir que logo, logo, outras empresas seguirão este caminho.

 

Nos últimos meses a Colibri vem passando por um amplo processo de transformação. Ao que se deve isso?

Tudo tem origem no Planejamento Estratégico realizado há quatro anos, onde a modernização tecnológica e de gestão eram o eixo principal. Desse planejamento, originaram-se investimentos em tecnologia da informação, modernização dos processos de gestão, internalização de novos conhecimentos e maciços investimentos em equipamentos de última geração para a modernização da fábrica, visando torná-la mais versátil, ágil e produtiva. A meta foi preparar a empresa para os novos tempos, pois vislumbrávamos que a competitividade se tornaria ainda mais acirrada e a dificuldade de mão de obra seria um grande gargalo para as indústrias.

Em meados de 2012 verificamos que tudo o que vislumbramos estava se confirmando, porém com uma importante diferença: o crescimento previsto para os mercados interno e externo não se concretizaria, diante das dificuldades impostas pela demora na recuperação da economia dos Estados Unidos, pela imprevisível dificuldade na economia europeia e dos próprios entraves de crescimento do nosso País (Ex.: deficiência da infraestrutura, falta de mão de obra adequada, baixa escolaridade, etc.).  Essa nova situação mundial fez com que fabricantes asiáticos buscassem mercados emergentes para concretizar seus planos de expansão, visando colocar os excedentes não consumidos pelos mercados do primeiro mundo. Nesse contexto, o setor moveleiro brasileiro perdeu boa fatia que tinha conquistado no mercado africano, por exemplo.

Diante dessa constatação, buscamos agir rapidamente na readequação do posicionamento da empresa ao cenário atual, onde ajustar o foco da linha de produtos, de mercados a serem atendidos e da forma de atendê-los, era extremamente necessário para manter a empresa competitiva e saudável.

 

Qual foi a amplitude destas mudanças e o que se pretende alcançar com elas?

O principal objetivo foi ajustar o foco diante dos novos desafios, visando manter crescimento mínimo necessário do faturamento, ajustando a previsão de utilização da capacidade instalada ao longo do tempo, porém utilizando todo o potencial tecnológico e de gestão internalizados, reduzindo o efetivo de mão de obra como planejado. Para tanto, readequamos os nossos custos fixos, mas mantendo todo o “know how” conquistado, utilizando agora a mão de obra treinada internamente, retendo e valorizando os talentos revelados dentro de casa durante todo o processo de modernização dos processos da empresa. Hoje estamos com uma equipe com espirito renovado, altamente estimulada e comprometida, diante do reconhecimento que a empresa teve para com todos eles.

Com todo esse processo em fase de finalização, o objetivo da Colibri é continuar crescendo em faturamento ao longo do tempo a fim de utilizar a plena capacidade instalada. Porém, vamos ofertar produtos e serviços mais adequados a esse “novo mercado”, onde a inovação e o design estarão sempre presentes, mas a preços competitivos, porque estimular o desejo de compra é necessário, embora seja importante também atender a real capacidade de compra do consumidor.

No centro desse processo, a Colibri tem como objetivo final ofertar aos parceiros lojistas produtos e serviços adequados às condições atuais do mercado, proporcionando condições de rentabilizar as suas operações empresariais.   

 

A Colibri é vista como uma empresa inovadora. Inclusão de serviços é algo que está no horizonte da empresa para se diferenciar no mercado?

Inovação faz parte do DNA da Colibri.  Além de continuar inovando em produtos e processos, a Colibri está aumentando seus investimentos na melhoria continua da prestação de serviços a seus clientes.

 

É possível adiantar alguma coisa a respeito disso?

Na implantação das melhorias que comentamos antes, iniciamos com investimentos em nossa área comercial e de comunicação, onde o atendimento personalizado, a informação e as respostas rápidas e eficazes, visam dar maior celeridade aos nossos relacionamentos e entender as reais necessidades dos consumidores.

Estamos investindo também no setor de Logística visando encurtar o tempo de atendimento dos pedidos de nossos clientes. Essa ação vem potencializar todo o investimento realizado em nosso setor produtivo, sendo que um dos objetivos é acelerar o tempo de reposição de nossos estoques. Assim, o tripé: velocidade de reposição de estoques + volume adequando de estoques acabados + rapidez na expedição das cargas, gerarão maior beneficio aos parceiros lojistas, porque trabalhar com o estoque da fábrica certamente lhes trará ganhos importantes de espaço e fluxo de caixa.

 

É muito difícil aplicar o Freio de Arrumação, que significa uma completa mobilização interna em busca de novos horizontes?

Realmente não é simples, porque não há receita pronta. Primeiro, é necessário um bom diagnóstico, onde as peculiaridades e objetivos de cada empresa devem ser levados em conta. Diante do diagnóstico realizado com total isenção emocional, é necessário aplicar os remédios necessários, com visão totalmente realista e tecnicamente adequada. É fundamental também estar preparado para enfrentar situações adversas dentro e fora da empresa, visto que essa atitude da empresa fere interesses individuais e os estimulam a tecer comentários nada construtivos. A direção da empresa, para executar esse tipo de correção de rumo, além de um bom plano e de uma avaliação constante das ações implementadas, deve ter também muita firmeza, deve ser laboriosa, incansável e determinada. Muito importante também é fazer tudo com respeito, preservando os interesses comuns da maioria dos bons colaboradores e da empresa. 

 

A Colibri acredita no chamado ‘consumidor-cidadão’ e esta definição faz parte deste novo momento da empresa?

Tudo está globalizado. Qualquer cidadão hoje tem acesso a todo tipo de informação. Mesmo o cidadão de menor poder aquisitivo se tornou mais politizado por esse processo mundial da democratização da informação. O comparativo não é mais com o seu vizinho apenas, mas sim com tudo o que acontece em várias partes do mundo. Esse processo fez com que aparecesse “novas personas”, temos hoje sim um novo consumidor no Brasil, o “consumidor-cidadão”. Assim como nos países desenvolvidos, os cidadãos brasileiros perceberam que podem e devem exigir os seus direitos, criticam, unidos vão as ruas colocar suas aspirações. Com esse mesmo ímpeto, exigem que os produtos e serviços atendam as suas mais exigentes necessidades, e cobram isso até na esfera judicial, se necessário. A Colibri está sim levando em conta esse novo perfil do consumidor brasileiro.

 

Se uma questão fundamental para o consumidor, identificada em pesquisa, é Felicidade, este item pode ser incorporado ao móvel?

Um dos desafios do setor moveleiro é fazer com que seus produtos sejam comprados por motivos cada vez mais “emocionais”, deixando de ser apenas utilidades necessárias das famílias, e tornando-se peças que adornem os lares, mesmo das pessoas mais simples. Para que isso ocorra precisamos mudar a forma de comunicação e apresentação do móvel. Temos que despertar o “desejo” em mobiliar a casa do nosso “consumidor-cidadão”.

 

A Colibri está buscando um novo caminho, trocando a expansão anual de dois dígitos que alcançou nos últimos anos, por mais competitividade no ponto de vendas?

Com comentei anteriormente, o mundo realmente se globalizou. É importante entender que, como em mercados mais maduros, o resultado virá ao longo dos anos e não mais em “alguns” anos. Portanto, os empresários que atuam nesse “novo mercado” terão que, primeiramente, buscar o resultado de apenas um dígito, investindo na consolidação de suas operações, baseada na fidelização de seus clientes e no posicionamento de sua marca e de seus produtos no ponto de venda, onde a prestação de serviço pode ser peça fundamental.

 

As indústrias de móveis, que buscam crescimento muito superior a média do setor, não estão contribuindo para fragilizar as próprias empresas diante dos fornecedores e dos lojistas?

Sempre que a oferta é muito maior que a demanda todos perdem. Perde o nosso fornecedor, perdemos nós industriais moveleiros, perde o lojista distribuidor e perde também o consumidor.  Para desovar maior volume, fragiliza-se o produto, fragilizam-se as margens operacionais, fragilizam-se os resultados das empresas, e a satisfação do consumidor fica comprometida em relação aos produtos ofertados.

Desta forma, podemos concluir que toda a cadeia moveleira sofre com essa anomalia. Não há espaço para aumentar o ticket médio das vendas, e assim as empresas não conseguem melhorar o resultado operacional, visto que os “custos fixos” crescem diariamente e aviltam as margens, colocando em risco as operações empresariais e a solidez do setor.

Esse tem sido nos últimos anos o problema criado pelo crescimento desmedido de nossa oferta de produtos, aliado, claro, ao crescimento da economia muito abaixo do esperado por todos, ou demasiadamente superestimada por nós moveleiros, talvez. A realidade é que “a natureza não dá saltos”.  O “novo mercado” fará o ajuste necessário.

 

Como a Colibri enxerga este Novo Mercado?

Consumidor cada vez mais exigente e exercendo os seus direitos. Produtos bem construídos, com preços adequados e bem ambientados nas vitrines para elevar o valor percebido, visando atender e encantar o “consumidor-cidadão”. Empresas necessariamente com visão de longo prazo e sintonizada com a rapidez das mudanças do mercado, tendo agilidade para atendê-las, criando parcerias confiáveis para atuar eficazmente com o novo comportamento do consumo.

 

Uma questão que se apresenta é: abrir o leque de produtos ou se concentrar no que a empresa tem mais expertise?

Pelas experiências vividas e vistas, o que mantém uma operação eficiente e sólida é atuar no que se sabe fazer melhor, ou seja, onde está a expertise da empresa, onde a experiência aliada a ciência tornam menores os riscos empresariais. Abrir o leque de produtos gera a necessidade de aprendizados, por caminhar em searas não conhecidas, gerando insegurança e riscos que precisam ser bem administrados para não comprometer toda a operação e, após longo tempo, gerar novas oportunidades de ampliar resultados.

 

Já é possível identificar alterações no comportamento dos lojistas a partir das mudanças que a Colibri vem implementando?

Todo o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos oito meses criaram um ambiente positivo interna e externamente para a Colibri. Hoje estamos unidos diante dos objetivos traçados e estimulados pelos resultados alcançados, gerando confiança total na consolidação das ações da empresa visando atender ao “novo mercado” e satisfazer plenamente ao novo consumidor e suas exigências.  Com certeza, estamos no rumo certo ao escolhermos atender o “consumidor-cidadão” brasileiro.

O novo mix de produtos e serviços da Colibri e as condições comerciais, preço e prazo,  estão surpreendendo positivamente os nossos clientes lojistas. Os “olhos estão brilhando” diante de tudo o que estamos ofertando. Os clientes que tem visitado o nosso parque fabril se encantam com toda a tecnologia aplicada em nossos processos fabris e de gestão. A solidez fica evidente quando visualizam toda a estrutura que envolve as nossas operações. Essa percepção se reforça pela hospitalidade de todo o nosso corpo de funcionários no atendimento aos nossos parceiros.

Novos representantes comerciais, reconhecidos no mercado, tem sido integrados ao corpo de vendas da Colibri, reforçando o nosso time e as nossas ações no mercado. O objetivo é aumentar a velocidade e a qualidade de atendimento aos nossos clientes. Tudo isso torna a Colibri uma empresa preparada para os novos tempos e plenamente capaz de colaborar para a melhoria continua do resultado de seus clientes lojistas. 

TAGS - Colibri Móveis, fabricantes
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