decorapp.jpg

Quem olha só onde pisa, não vê para onde vai. E vice-versa. por Administrador

Postando em 12/08/2015

Por Marcos Gouvêa de Souza

São momentos como esse que estamos vivendo no Brasil que tornam ainda mais crítico o desafio de equilibrar a visão do curto, médio e longo prazo. Quando tudo parece conspirar para um agravamento de um quadro já difícil, que exige foco no que é relevante agora, mas ao mesmo tempo é preciso pensar à frente. Sempre.

Quando o quadro geral está mais equilibrado, fica mais simples olhar presente e futuro e conciliar essa atitude que no varejo caracterizamos como “barriga no balcão e olhos no futuro”, onde é importante estar próximo do dia a dia para não perder a sensibilidade com o que é real e, ao mesmo tempo, dedicar atenção na construção do que vem depois.

Mas quando as coisas apertam e o negócio precisa ser administrado com um olho fixo no caixa e outro no faturamento e rentabilidade, a análise dos elementos que podem determinar o futuro do negócio fica mais complexa. Quanto concentrar só na melhoria imediata do presente sem descuidar do futuro? Ou assumimos que o futuro a Deus pertence e todo o foco fica no desempenho imediato?

O que devo sacrificar agora para melhorar o desempenho de curto prazo, mesmo que possa comprometer o futuro?

Como todas as questões que envolvem temas dessa magnitude, não existem regras fáceis e muito menos generalistas. Classicamente a resposta é: cada caso é um caso.

O que existe de real é que temos uma conjugação de elementos em profunda mudança que envolve o próprio cenário macroeconômico, agravado pela questão política que só complica e protela a adoção de medidas que possam reverter a situação, com outras de natureza mais ampla envolvendo mudanças precipitadas por questões mais abrangentes, tais como crescimento do mundo digital, a expansão da “Tecnoera” e as novas realidades precipitadas pela Omniera no varejo e no consumo.

Isso para simplificarmos e colocarmos nossa discussão tendo como epicentro o Varejo e o Consumo, o que por si só já seria uma questão altamente discutível.

Fato é que temos assistido enormes transformações no Mundo quando o maior varejista do Mundo, e o terceiro maior empregador global, tem seu valor de mercado inferior a uma empresa – Amazon - que fatura aproximadamente um quinto e sem ter lucro ainda. Quando uma empresa de origem chinesa, com poucos anos de atividade – Alibaba – fez o maior IPO da história econômica nos Estados Unidos no segundo semestre do ano passado.

Quando marcas icônicas do passado recente – Kodak, Sharper Image, Polaroid, FAO Schwartz, CompUSA, Kmart, Border’s, entre outras – tentam se reinventar no mercado em outras mãos e em busca de novos caminhos porque não conseguiram se viabilizar nos seus modelos tradicionais e foram atropeladas pelas mudanças;

Quando a maior corporação global no segmento de bebidas, Imbev – Anhauser-Bush, resultado da consolidação de muitas marcas e empresas, é controlada por um grupo de brasileiros. E que avança para novas áreas no setor de alimentação e foodservic, Heinz e Burger King, em movimentos que surpreendem pela visão e estratégia empresarial, associadas com consistente proposta de gestão, que se mostra apropriada tanto em tempos de crise como de bonança;

Quando duas das maiores corporações globais do setor de proteína animal, JBS e BRF, também são controladas por grupos brasileiros que não esperam a crise passar para avançar para novos mercados no mundo, tanto por expansão orgânica ou por uma ousada estratégia de fusões e incorporações globais;

 O desafio maior em momentos como o que vivemos no Brasil é atuarmos no que é fundamental para a continuidade dos negócios num cenário reconhecidamente adverso sem perder a capacidade de pensar e construir o que faz e fará a diferença hoje e amanhã, conciliando modelos de gestão e governança que viabilizem o presente e sejam ainda mais importantes para construir o futuro.

E para isso é preciso arte, visão, determinação, exemplo e capacidade, acima de tudo, de inspirar pessoas, mesmo quando o sacrifício de curto prazo é tudo que conseguimos enxergar.

Marcos Gouvêa de Souza é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza

TAGS - crise, economia, Brasil, administração
Os artigos assinados não traduzem a opinião do Instituto Impulso. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate sobre os valores defendidos pelo Instituto e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

DEIXE SEU COMENTÁRIO