Recentemente, fui questionado sobre o que os executivos poderiam fazer para que pudessem ter ideias brilhantes que os apoiassem em seus negócios.
Refletindo a respeito disso, cheguei à célebre frase: “os executivos precisam pensar fora da caixa!”. Mas, será que sabemos o que é a caixa?
A caixa é a maneira que cada líder tem de olhar e fazer suas atividades. São os conceitos que temos sobre o que é certo fazer.
Repleta de valores, experiências e julgamentos, nossas caixas foram construídas ao longo de muito tempo e, para começarmos a pensar fora delas é fundamental desafiarmos todos os conceitos que as refletem.
Existem algumas teorias para que consigamos atingir esse objetivo. Desafiarmos conceitos, assumirmos o impensável e darmos sentido a ele, olharmos para fora da janela do escritório e observarmos o mundo.
Para alguns, deve parecer incerto olhar para os desafios profissionais dessa forma, mas posso garantir que os resultados surpreendem.
Geração sem foco
O americano Daniel Goleman, em sua obra mais recente chamada Foco, destaca que num momento em que a tecnologia e o excesso de informação geram distrações a cada minuto — criou-se uma geração sem foco, com dificuldade de desenvolver a capacidade de concentração. Mas, para ele, a atenção é como um músculo que pode ser treinado. E quem consegue chegar lá tem ideias melhores e mais criativas.
Bill Gates quando liderava a Microsoft, nos anos 90, passava dias numa casa de campo para pensar sem interrupções e costumava chamar esse período de “think weeks” (traduzido livremente como “semanas para pensar”).
Jack Welch, o lendário presidente mundial da General Electric, costumava ter em sua agenda pelo menos uma hora por dia reservada para simplesmente olhar pela janela.
Mas, qual é a regra? O que se deve observar pela janela da vida? – Simplesmente tudo!
Pausa para refletir
Segundo Goleman, estamos sem tempo para refletir. Sem essa pausa não conseguimos digerir o que está acontecendo ao redor, porém os circuitos cerebrais usados pela concentração são os mesmos que geram a ansiedade. Quando aumentamos o fluxo de distrações, a ansiedade tende a aumentar na mesma proporção.
Precisamos ter um momento, no trabalho e na vida, para parar e pensar. Sem concentração, perdemos o controle de nossos pensamentos. Mas o oposto, quando estamos muito atentos, também é um problema. Nos tornamos vítimas de uma visão restrita e da mente estreita. É preciso darmos equilíbrio a isso.
De acordo com estudos recentes, existem três tipos de foco: o interno, o externo e o empático (no qual refletimos o olhar para o outro).
O interno é a habilidade de nos concentrarmos, apesar do que há ao redor. O externo é a capacidade de analisarmos o ambiente. E o empático é a competência de prestarmos atenção em alguém.
Para saber quando e como usar cada um na situação certa devemos ter em mente que o foco interno é a chave para nos motivarmos, termos metas e nos controlarmos. Todos os profissionais precisam disso.
Já o foco externo ajuda na leitura de situações de maneira ampla. É com ele que identificamos quem são nossos concorrentes, como está o mercado, a economia e quais são as mudanças tecnológicas que nos afetam ou a nossos clientes de maneira direta.
Empatia não faz mal a ninguém!
Por sua vez, a empatia é importante para quem quiser ser um bom líder. Ela é a forma como entendemos e falamos com as pessoas, condição fundamental para quem pretende desenvolver seus liderados de forma a fazê-los render muito mais do que eles próprios imaginam.
Sendo assim, entendemos que líderes devem aprender a vida toda e que é preciso disposição para pensar fora da caixa e extrairmos bons frutos dessa experiência.
Um bom atendimento recebido no momento do almoço ou no cinema com as crianças, ou mesmo um filme interessante sobre a vida de um artista podem sugerir soluções que nem mesmo horas sob um relatório podem proporcionar.
Rodrigo Anunciato (rodrigo.anunciato@gsmd.com.br), gerente de projetos de T&D da GS&MD – Gouvêa de Souza
Foto: Rodrigo Anunciato
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