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Eficiência e Produtividade já por Administrador

Postando em 04/08/2014

Tudo indica que os momentos de bonança vividos pelo consumo no Brasil estão perto do fim. O período de forte crescimento estimulado pela ampliação do mercado interno marcou os últimos anos pela conjugação de melhoria da renda das famílias, emprego, crédito e confiança do consumidor e proporcionou a mais importante transformação da estrutura socioeconômica do mercado com a incorporação de mais 40 milhões de brasileiros à classe média.

 

A verdadeira transformação do consumo não ocorreu exclusivamente por estímulos fiscais ou tributários mas foi decorrente da transformação estrutural do mercado. Porém é preciso reconhecer que nada de relevante deverá acontecer nos próximos seis meses.

 

Sem importantes ajustes macro econômicos e, portanto, o potencial para continuidade de crescimento futuro está muito limitado. Esse cenário já vinha se desenhando desde o ano passado e se considerou que a Copa do Mundo pudesse contribuir decisivamente para uma mudança dessas perspectivas.

 

Por conta de investimentos diretos em alguns setores de fato houveram alguns benefícios expressivos mas, passado esse período e na entressafra que ficará entre a Copa e o resultado das eleições associado com o efeito prático de medidas que possam ser implantadas, teremos um tempo em que o consumo vai andar de lado, impactando o comportamento do consumidor, as vendas no varejo e as decisões de novos investimentos.

 

Período de “banho-maria” na economia brasileira

 

Em termos muito práticos nesse período as empresas não contarão com vento à favor e em alguns segmentos devem considerar a perspectiva do vento contra num quadro agravado pela baixa confiança geral do mercado, a reticente inflação e o aperto no crédito precipitado, principalmente, pelos bancos privados nacionais, ante o temor de aumento da inadimplência.

 

Sem considerarmos a “argentinização” da inflação brasileira cujos índices parecem não representar exatamente a realidade do aumento dos preços aos consumidores, o que agrava a confiança e o próprio consumo, em especial nos segmentos de menor poder aquisitivo.

 

O resultado é o necessário ajuste de velas para navegar com maiores dificuldades e menor velocidade. Como parte desse processo muitas empresas já começaram a revisão das projeções futuras de vendas e a promoção de ajustes em suas estruturas, redução ou maior cautela nos investimentos e igualmente a renegociação de volumes de compras e prazos de pagamentos num processo que, inevitavelmente, só tende a agravar os sintomas percebidos. Mas que não podem ser protelados ou ignorados.

 

O lado mais claro de toda essa situação é a absoluta prioridade em privilegiar tudo o que possa significar melhoria de Eficiência e Produtividade nas operações atuais.

 

Especialmente para os operadores varejistas e seus fornecedores de produtos e serviços o momento é de rever operações de lojas, centros de distribuição, ecommerce, comunicação, promoção, propaganda, preços e condições praticadas, fluxo de caixa, relações com fornecedores, logística e abastecimento, rotação de estoques, análise e concessão de crédito, enfim, rigorosamente tudo.


 

A ênfase que predominou no passado recente de privilegiar a expansão, o crescimento e a incorporação de novos segmentos e regiões baseado no aumento da participação de mercado foi substituída pela busca da eficiência e produtividade, mesmo que com eventual sacrifício da participação.

 

De forma estruturada porém profunda e ampla é tempo de repensar tudo e até que um eventual novo ciclo econômico se inicie os negócios de forma geral, mas especialmente os ligados ao consumo, precisarão fazer um mergulho para buscar alternativas para encontrar respostas e resultados em suas próprias realidades já que não poderão contar com o estímulo do mercado.

 

O lado positivo de momentos como esses é que sempre se descobre que é possível fazer mais com menos incorporando a mesma lógica predominante no comportamento dos consumidores que também querem cada vez mais por menos.

Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza.

TAGS - impulso, produtividade, consumo
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